Post Ah Manolo | O Filme Mais Assustador do Ano

O Filme Mais Assustador do Ano 
De certa maneira, a carreira de Ellison Oswalt, personagem fictício (interpretado por Ethan Hawke) e protagonista de A Entidade, se assemelha bastante à carreira do diretor do filme, Scott Derrickson. Com um início mediano, os dois foram lançados ao estrelato devido a um trabalho excepcional (um livro sobre assassinatos ocorridos em Kentucky e o ótimo longa O Exorcismo de Emily Rose, respectivamente). Depois do sucesso instantâneo e passageiro, ambos buscam de qualquer maneira voltar ao topo, algo que não conseguem talvez pela expectativa criada em torno de seu nome, ou talvez (na pior da hipóteses) pela limitação do seu talento.


A trama mostra Oswalt se mudando com a família para uma casa onde anos antes ocorreu um assassinato brutal. Ele busca, com isso, ter mais detalhes para o livro que pretende escrever sobre o ocorrido. Sem contar para a esposa (Juliet Rylance) os detalhes da sua nova moradia, Ellison inicia uma investigação solitária pelos segredos envolvendo os assassinatos. Mas quando estranhos eventos começam a ocorrer na casa, o escritor vê-se mais envolvido na história do que inicialmente imaginava.
Derrickson retorna aqui à sua zona de conforto (o gênero de terror), numa tentativa de fazer o público esquecer a sua fraca ficção científica O Dia em que a Terra Parou, e ganhar novamente o reconhecimento por um trabalho bem feito. E o cineasta faz tudo certo. Seja nas referencias à Dario Argento – as cores e a chuva incessante –, ou na construção de um ambiente claustrofóbico e opressor (em vários momentos as pessoas ficam “pequenas” em relação à escuridão do resto da tela). Está tudo aqui.
Assim como os sustos, que acontecem com bastante frequência. Alguns previsíveis, como aquele que vem logo depois do suspiro de alívio do personagem; e outros nem tanto – como o rosto que surge da escuridão em certo momento. Além disso, a construção do suspense fica muito melhor depois que o protagonista começa a desconfiar da natureza sobrenatural que o cerca.
E a escolha narrativa de focar na solidão do personagem principal (são raras as cenas fora da casa) deixa o público ao seu lado, até mesmo quando este, egoísta ao extremo, coloca a família inteira em risco na sua busca por fama. Isso também torna aceitável, narrativamente falando, que ele negue (ou escolha ignorar) alguns fatos que provam o perigo em que se encontra – ainda mais quando vemos o medo que ele sente das consequências de suas escolhas (créditos também para Ethan Hawke pela excelente atuação).

 Confira o trailer: